terça-feira, 4 de março de 2014

O medo é o breque do amor....

Sempre deixei o amor me morder. Mesmo que efêmero. Mesmo que improvável. Mesmo que mínimo. Desarmava qualquer mudez do outro para atingi-lo. Não era de espera, de estratégia, de calma. Eu era de amar demais.
O medo empurra o amor pra longe. É um freio na felicidade. O medo é como dois cadarços amarrados, te impedindo de continuar. A chance amordaçada de pegar a rua do meio e mudar pra sempre o rumo. O medo embaralha o foco. Remove a graça da vida. Com medo, tudo é apenas sobrevivência.
Mas aí, alguém aparece. E o mundo treme. E nada mais se encaixa.
Sua coragem é demolida.

E você sente medo de quando ele te puxa pra perto. E te acomoda no peito. Sente medo do que se molda, depois de uma promessa. E mais medo chega, porque o amor dele é mutante e machuca demais. Porque ele se borda no corpo de outras, do mesmo modo que dorme no seu. Você sente medo da maneira como ele te olha, à medida que a noite emudece. E medo de amá-lo, além do seu limite. Porque é possível.
É provável.
Então, você percebe que se transformou em medo – ou o medo te tomou. E tudo fica até tranquilo.  Porque ele prorroga o sofrimento. É um Prozac com menos química, mais sonolência. O medo acarinha o teu cabelo e te faz dormir mansa. Pensamentos caóticos não vão te desequilibrar. O medo é super protetor e prefere tua solidão ao teu choro.
Por mais que tentemos matar o medo, ele se aperta pra caber no coração. Vira uma demonstração que damos ao outro de nossas experiências.
Um dia, você sente falta de não ter medo, porque olhou pra ontem e compreendeu que ele foi seu único companheiro.



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